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Cruz de Ankh



Também conhecida como cruz ansata (do latim crux ansata, cruz alada), cruz egípcia, cruz cóptica, cruz da vida, cruz das mãos ou chave do Nilo, a cruz de ankh pode ser encontrada em murais, obeliscos e túmulos egípcios que datam a partir da 5ª dinastia. Os templos de Luxor, Medinet Habu, Hatshepsut, Karnak e Edfu e a tumba do jovem Tutankhamon - onde o símbolo assume a forma de um porta-espelho (a palavra ankh significa espelho) - são alguns exemplos.
Quando concebida a um faraó por uma divindade, presa próxima à boca de um corpo mumificado ou associada a um triângulo isósceles, representa o dom da imortalidade e o controle sobre os ciclos vitais da natureza.

Assimilada pela antiga cultura peruana Mochica em 700 d.C. e mal vista pela Igreja Católica por suas ligações diretas com o paganismo, a cruz manteve sua popularidade mesmo após a cristianização dos egípcios no século 3 d.C. - quando passou a ser chamada de cruz cóptica.

• Estrutura Anatômica

Adotada pelas mais diferentes culturas e erroneamente associada a rituais de magia negra por sua semelhança modificada em relação à cruz cristã, a cruz de ankh (cujo hieróglifo egípcio que a ilustra significa vida) pode ser interpretada como uma analogia à anatomia humana - onde a alça ovalada representa a cabeça, o eixo horizontal, os braços, e o eixo vertical, o restante do corpo.

A alça ovalada que substitui a tradicional haste superior vertical pode simbolizar tanto a união sexual entre os deuses Osíris e Ísis (que proporcionavam as cheias periódicas do rio Nilo, principais responsáveis pela sobrevivência da população) quanto o útero feminino. Além disso, a forma circular é uma clara alusão ao ciclo previsível e inalterável da vida.
Já a haste inferior vertical, por sua vez, descende exatamente ao centro do laço e atua como ponto de intersecção entre os pólos esquerdo e direito (no caso, feminino e masculino). Representa tanto o fruto da união entre os dois opostos quanto o pênis masculino.

Em gravuras primitivas, apresenta todas as suas três extremidades bipartidas. Mas jamais deve ser associada ao objeto de uma chave, uma vez que não existiam fechaduras à época em que foi idealizada.

• Simbolismo

Para os egípcios, ankh representava a eternidade e a reencarnação, conceitos básicos de sua religião. Para a Ordem Rosa-Cruz, pela qual também foi absorvida, ilustrava a união entre o reino do Céu e a Terra.
Para a Wicca, simboliza a elevação da alma e o fortalecimento do espírito através da conexão com o divino. Para as bruxas contemporâneas, atua como amuleto contra as doenças e a morte para seu protetor e aqueles que estão à sua volta. Já no Vampirismo e no Satanismo, é um atributo à longevidade, que preza a fertilidade e outras características da cultura pagã.

• Mas e os Góticos?



Dos dois maiores fatos que acredita-se tenham levado à introdução da cruz de ankh na cultura gótica, o mais importante talvez seja a grande divulgação do filme The Hunger - Fome de Viver (1983). Protagonizado por ninguém mais, ninguém menos do que David Bowie e Catherine Deneuve, o longa em questão - onde a dupla espreita suas vítimas em uma casa noturna ao som da faixa Bela Lugosi's Dead - parece basear-se na aparentemente simples equação de que vampiros + cruz de ankh + Bauhaus = góticos.
O segundo grande estopim, agora de caráter exclusivamente nacional, aconteceu ao início dos anos de 1970, com Paulo Coelho e Raul Seixas. A Sociedade Alternativa, fundada por estes e outros, trazia como selo a cruz de ankh adaptada a dois degraus na haste inferior vertical - simbolizando o Degrau da Iniciação ou ainda "a chave que abre todas as portas".

Desde então, ankh passou a representar, para a cultura gótica, não mais a vontade de viver, mas sim o desejo de evoluir através do individualismo e do conhecimento - assim como o simbolismo que tomou emprestado do Vampirismo unido às percepções da realidade através do sentimento ultra-romântico que caracteriza o movimento.
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Fontes
Spectrum Gothic
Holoweb
O Manual do Bruxo - um dicionário do mundo mágico de Harry Potter, Allan Zola Kronzek e Elizabeth Kronzek

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