O termo romântico deriva do francês romantique - que, por sua vez, provém do substantivo romant -, designando toda e qualquer obra com características medievais.
O Romantismo deu origem a uma literatura com significados mais humanos e opostos aos valores estéticos do Classicismo greco-romano, além de constituir um manifesto contra o Iluminismo que contagiou todos os países da Europa.
Na Inglaterra, em 1730, surgiram os Landscape Poets (Poetas da Paisagem) e a Escola do Sentimento, em oposição à Escola da Razão; na Alemanha, desencadeou-se um movimento conhecido com Sturn an Drang (Tempestade e Ímpeto).
Ao século XIX, a segunda geração romântica já não apresentava o mesmo entusiasmo nacionalista de sua antecessora. No Brasil, isto foi o reflexo da tranquilidade conquistada pelo país durante o reinado de D. Pedro II.
As décadas de 1838 a 1860 compreendem o pleno vigor romântico europeu, enquanto os anos de 1850 marcaram o ápice da doentia geração byroniana brasileira. Denomina-se, pois, o Ultrarromantismo.
Para a sociedade medieval, a melancolia era tida como uma manifestação demoníaca associada ao pecado - enquanto que, para os Iluministas, constituía uma doença de espírito. Porém, para os ultra-românticos, este sentimento será ora enaltecido, ora temido.
Também conhecido como Mal do Século, este foi um período de definitivo rompimento com os caracteres arcádicos para ouvir-se o brado da sensibilidade. A sentimentalidade é explorada ao máximo ponto de ultrapassar os limites entre a realidade e o imaginário.
• Os Negros Pesares e a Soturna Morte
Influenciada pela corrente pessimista dos ingleses Byron e Musset, a poesia desta geração é quase sempre exageradamente superficial e artificial, tendo como principal objetivo servir de desabafo das tristezas e frustrações do próprio poeta; individualista e espontânea, procura envolver emocionalmente o leitor.
Plenamente exaltadas nas sucessões de crimes sangrentos que invariavelmente descrevem, morbidez, sadomasoquismo e satanismo, nostalgia e solidão, constante fastio, angústia, dualismo, sarcasmo e ironia são seus principais aspectos.
A versificação é livre e obedece apenas à liberdade criativa da alma humana, fazendo com que o conteúdo seja mais importante do que a sua forma. Abreviações e deslizes gramaticais são muito comuns.
• Os Poetas
O poeta reconhece a própria existência, mas não consegue adaptar-se à vida. O caos interno, a angústia e o desespero por não saber adequar-se nem mesmo à sua pátria fazem-no triste e deslocado.
A extrema valorização do Eu gera egocentrismo, e o poeta admira suas próprias atitudes doentias - comportando-se como o adolescente narcisista. O egocentrismo, por sua vez, desencadeia a total perda de consciência do coletivo e a subjetividade (modificação da realidade de acordo com a anarquia de suas emoções) do mundo exterior.
A construção deste mundo utópico cria dentro de si um desequílibrio psicológico que leva-o ao escapismo (fuga da realidade através da morte). Em busca de apoio para reajustar-se ao Universo, encontra na harmonia da Natureza o cenário ideal que inclina-o a refugiar-se de todas as ansiedades que o consomem.
Descrentes e solitários, boêmios e desregrados, os poetas da dúvida buscam refúgio em lugares tétricos e fúnebres; atraídos pela noite e pela própria morte, expressam o cansaço da vida mesmo antes de tê-la vivido realmente. Quase todos morrem incrivelmente cedo, vítimas das doenças causadas por seus vícios.
• Obras sugeridas
- Noite na Taverna, Álvares de Azevedo (download)
- O Noivado do Sepulcro, Soares de Passos
- O Vermelho e O Negro, Stendhal
- Uma Taça Feita de um Crânio Humano, Lord Byron
- Werther, Goethe
Fontes
Assim Se Escreve... Gramática - Assim Escreveram... Literatura, Odilon Soares Leme, Stella Maria Garrafa Serra e José Albetoni de Pinho
Gothic Arts - Cultura Obscura e Ultra-Romantismo
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