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Neurastenia



A neurastenia ou exaustão nervosa é um transtorno psicológico devido ao enfraquecimento (astenia) do sistema nervoso central. O termo foi introduzido pelo neurologista norte-americano George Miller Beard no Boston Medical and Surgical Journal em 1869 para designar um quadro de exaustão física e psicológica, nervosismo e humor depressivo. Nele, Beard escreveu que "a anemia é para o sistema vascular o que a neurastenia é para o sistema nervoso".
Em 1880, Beard publicou A practical treatise on nervous exhaustion (neurasthenia) [Um tratado prático sobre a exaustão nervosa (neurastenia)] e, um ano depois, American nervousness - its causes and consequences [Nervosismo americano - suas causas e consequências].

Estima-se que a neurastenia atinja de 3 a 11% da população mundial, tanto masculina quanto feminina. A doença foi incluída pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no CID-10 (Classificação Internacional de Doenças de 1992), mas não entrou para o DSM-IV (Dicionário de Saúde Mental de 1994).

• Causas

Existem fatores endógenos (internos) e exógenos (externos) que podem contribuir para a manifestação do problema. Entre os endógenos estão predisposição genética para ansiedade, depressão, sensibilidade ao cortisol (hormônio anti-inflamatório) e déficit de dopamina (neurotransmissor responsável pela sensação de prazer). Já entre os exógenos estão situações traumáticas, trabalho exaustivo e rotina frustrante.

Para Sigmund Freud, o pai da psicanálise, a neurastenia estava associada ao excesso de masturbações, práticas sexuais anormais e pressão intracraniana. Outros psiquiatras consideravam-na como uma regressão ao comportamento infantil.

• Sintomas


Une leçon clinique à La Salpêtrière, de André Brouillet (1887)

Segundo o psiquiatra francês do século XIX Jean-Martin Charcot, os principais sintomas, além de fadiga, são cefaleia (dor de cabeça), raquialgia (dor na coluna), dispepsia  (dificuldade para comer), insônia e depressão nervosa.
Para Beard, havia ainda dificuldade de concentração, medos mórbidos, problemas de memória, inquietação, pupilas dilatadas, dormência dos membros e problemas sexuais.

Beard dizia ainda que, em 1860, nenhuma doença nervosa era mais comum do que a neurastenia. De acordo com ele, ela passava despercebida porque o acesso aos sintomas dependia dos relatos dos pacientes e também porque, para quem sofria, os males pareciam irreais e insignificantes.

• Diagnóstico

O diagnóstico de neurastenia era frequente ao fim do século XIX, e a doença entrou e saiu de moda ao longo do século XX. Até então, era tida como ponto de partida para a epilepsia e paralisia geral - visto que, à época, era comum a associação de problemas físicos com problemas mentais.
O maior número de ocorrências vinha da Ásia e da América do Norte. Na Ásia, a neurastenia não carregava a conotação negativa de uma doença mental e servia de máscara para transtornos mais graves, como a esquizofrenia. Nos Estados Unidos, onde também é chamada de americanitis, era tratada como síndrome característica do american way of life.

Para diagnosticar seus pacientes, Beard conversava longamente com eles. Dessa forma ele tinha não apenas acesso aos sintomas, mas também a chance de excluir a possibilidade de outras condições mentais ou orgânicas.
Atualmente o diagnóstico deve ser feito investigando-se outras possibilidades de fadiga crônica, tais como distúrbios metabólicos (diabetes, doença celíaca), infecciosos (vírus HIV, hepatite C) ou imunológicos (lúpus sistêmico).

• Tratamento

Álcool, drogas, cigarros, café, carne vermelha e alimentos gordurosos em geral potencializam os sintomas da doença. Uma alimentação rica em cereais, frutas, legumes e verduras aliada a exercícios físicos aeróbicos (caminhar, correr ou nadar) pode, portanto, contribuir para o bem-estar do paciente. Caso esteja incapacitado de se exercitar, o melhor é repousar. Beard também sugeria massagens, hidroterapia e eletroconvulsoterapia.

A psicoterapia é uma importante ferramenta durante o tratamento, uma vez que ajuda o paciente que teve sua vida social comprometida em função de suas alterações comportamentais a se organizar de acordo com suas prioridades, lidar com seus problemas, compreender melhor a si mesmo e sentir-se motivado.
Beard observou que alguns sintomas, como por exemplo a insônia, podem desaparecer logo na primeira consulta, assim que o paciente recebe informações claras sobre a natureza de sua doença e suas possibilidades de cura.

• Casos


Virginia Woolf, de George Charles Beresford (1902)

- O médico e filósofo pragmatista William James, professor de Freud, foi diagnosticado com neurastenia e morreu em consequência de problemas cardíacos. Como norte-americano, James defendia a teoria de que a doença é uma americanite.

- A escritora modernista inglesa Virginia Woolf tinha crises depressivas e, no último bilhete que escreveu para o marido, dizia ouvir vozes e sentir-se incapaz de ler ou se concentrar. Cometeu suicídio ao encher os bolsos do casaco com pedras e afogar-se em um rio.

- O romancista francês Marcel Proust, grande nome do século XX, dizia sofrer de neurastenia. Desde a infância problemas de pele, olhos e crises respiratórias fragilizaram sua saúde. Proust, que era homossexual, passou seus últimos anos confinado em seu apartamento, dormindo durante o dia e trabalhando em seus livros durante a noite. Morreu de pneumonia.

- A poetisa portuguesa Florbela Espanca sofreu com os primeiros sintomas da doença aos 13 anos de idade. Após muitas mudanças de cidade, divórcios e dois abortos espontâneos, a neurose tornou-se insuportável e Florbela suicidou-se com uma superdose de Veronal, um calmante semelhante ao Gardenal.

Fontes
Scielo - Neurastenia
Wikipedia

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