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Arte Paleocristã



A arte paleocristã em sua primeira fase: influências greco-romanas e judaicas.

Paleocristianismo é um termo que designa as manifestações artísticas durante o período de perseguição à igreja cristã primitiva. Nero foi um dos primeiros imperadores a perseguir os cristãos, que eram considerados inimigos públicos porque não cultuavam a figura do imperador como a um deus e não participavam de banquetes ou orgias.

Enquanto os romanos disseminavam seu estilo colossal por toda a Europa e parte da Ásia, os cristãos - que eram atirados aos leões em espetáculos no Coliseu - celebravam seus rituais em galerias subterrâneas chamadas catacumbas (do grego cavidade), o que marcou a fase inicial de sua arte.

• Primeira fase: Catacumbária

Enquanto os pagãos cremavam seus mortos, os cristãos os enterravam para que, durante o breve sono da morte, pudessem esperar pela ressurreição de Cristo.

Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
(João, 6:54)

Ainda hoje existem mais de 60 catacumbas só em Roma, algumas sobre as quais carros são proibidos de transitar por risco de desmoronamento. Em São Calixto, na região central da cidade, são mais de 20 km de corredores e cinco andares com cerca de 20 mil corpos enterrados.

• Artistas Anônimos

Inicialmente, esta arte simbólica herdou traços greco-romanos - como as feições das figuras representadas e as colunas que emolduram a cena - e judaicos, que, com a proibição à idolatria em suas obras, acabaram por limitar os cristãos. O uso de pigmentos, que durante a Antiguidade também serviam como moeda de troca, também era limitado - sem falar da perseguição imperial, que fazia com que os artistas anônimos pertencessem a classes sociais menos favorecidas.
Quando Constantino enfim legalizou o cristianismo e a liberdade religiosa no império através do Édito de Milão, em 313 d.C., os cristãos já eram maioria. (Édito é uma ordem judicial publicada através de anúncios.) Diz a lenda que o imperador, ainda pagão, partia com seu exército para a Batalha da Ponte Milvio quando viu sobre o céu a cruz cristã; convertido, ordenou então que as águias romanas nos escudos fossem substituídas pelo símbolo e venceu a batalha.


A visão de Constantino: in hoc signo vinces (sob este símbolo vencerás)

• Segunda fase: Basilical

Apenas a partir do século III pode-se observar uma solidificação da arte cristã, que começa a adquirir suas próprias características.
Gregos e romanos destinavam basílicas (do grego basileu, que significa juiz), imensos edifícios constituídos por até três naves, às atividades do comércio e aos assuntos judiciais. Com a oficialização do cristianismo como a religião do império ao fim do século IV, os cristãos passaram a usá-las como local de culto e a erguer as suas próprias basílicas. Os mosaicos de origem greco-romana que revestiam seu interior, assim como os mausoléus e sarcófagos (caixões de mármore ou pedra com inscrições e relevos), representavam passagens do Antigo e Novo Testamento e também histórias da vida dos discípulos.

• Pintura Paleocristã

Escassos e simbólicos, os afrescos (principal técnica de pintura do período, a qual consiste em aplicar uma camada de tinta sobre o gesso ainda fresco a fim de torná-la mais resistente ao tempo) encontrados nos murais das catacumbas representam figuras animais e humanas em cenas típicas da vida religiosa da época.
Não havia a Bíblia como hoje a conhecemos e a grande maioria das pessoas não sabia ler ou escrever; a arte, portanto, servia para transmitir os dogmas e histórias da religião.

• Escultura Paleocristã

Com relevos de pouca qualidade, as esculturas se destacam mais pelo simbolismo que pela forma; costumam dar ênfase à cabeça da figura representada, que seria o centro da espiritualidade.

• Simbologia


In pace in idipsum, dormiam et requiescam (em paz me deito, adormeço e descanso): frase muito comum nas catacumbas de São Calixto. Cemitério do Paquetá, Santos (SP).

A cruz, sendo ainda vista como um instrumento romano de tortura, não era utilizada como principal símbolo da religião cristã. Cristo podia ser representado tanto por um círculo quanto pelas letras gregas alfa e ômega, respectivamente a primeira e última do alfabeto grego; ambas as maneiras queriam dizer que Cristo é o início e fim de todas as coisas.


Em grego, a palavra peixe significa ICHTUS, que forma o acróstico (onde cada letra representa a inicial de outra palavra) Iesus Christos Theos Uios Sóter, ou seja, Jesus Cristo Filho do Deus Salvador.


Além do orante - figura com os braços abertos que representa a alma que vive na paz divina -, havia a pomba (paz), a âncora (salvação, porto seguro) e a fênix, pássaro mítico da Árabia que renasce das próprias cinzas.

• Sincretismo


O bom pastor com uma ovelha sobre os ombros, até então uma figura meramente decorativa, agora ilustrava Jesus como o salvador dos homens.

Sincretismo é a mistura e fusão de diferentes doutrinas; para fugir à perseguição romana sem abrir mão de suas crenças, os cristãos deram novos sentidos aos símbolos pagãos. O pavão, que representava o deus do sol Febo (Apolo, para os gregos), passou a representar a onipresença de Deus devido à semelhança das penas de sua cauda com muitos olhos. Domingo (em inglês sunday, ou seja, dia do sol), o dia pagão de adoração ao Sol, tornou-se o dia sagrado cristão. Os discos solares egípcios transformaram-se nas auréolas dos santos e o cacho de uvas, simbolo do deus do vinho Baco (Dionísio, para os gregos), passou a representar o sangue de Cristo.

Fontes
Arte Manhas Manias e Amenidades Blogspot
José Marques, Professor de Arte
Portal São Francisco - Paleocristianismo

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