Oposto ao masoquismo, o sadismo é um distúrbio que surge durante a vida adulta, mas que provavelmente tem origem em traumas (como abuso sexual) e brincadeiras na infância e que pode ser diagnosticado através da psicoterapia. Em crianças, os primeiros sinais de sadismo podem se manifestar através de um comportamento exibicionista e arrogante.
Enquanto o masoquista é excitado pela dor, o sádico sente prazer em infligir sofrimento e humilhação através do desejo - que pode ou não ser concretizado - de ferir, torturar, asfixiar ou assassinar seu objeto sexual. (A asfixia temporária, chamada asfixiofilia, é considerada um intensificador do prazer devido à diminuição de oxigênio no cérebro durante o orgasmo.)
Em seu ensaio O Mal-Estar na Cultura, de 1930, Sigmund Freud define o sadismo como um anseio amoroso (Eros) aliado a um impulso destrutivo dirigido ao mundo exterior (Tânatos); uma agressão erótica que encontra, através do sexo, uma maneira de se manifestar.
Ainda segundo Freud, o sadismo não é um distúrbio exclusivamente sexual, mas também uma tendência das sociedades, que perseguem e menosprezam a cultura de outras para manterem-se unidas.
• A culpa é do Marquês
O termo sadismo deriva do nome do escritor e filósofo francês Donatien Alphonse François de Sade, o Marquês de Sade, que ao fim do século XVIII ficou famoso por descrever em seus livros, além de orgias e perversões, o prazer de torturar para alcançar a satisfação sexual.
Filho de uma freira, Sade passou 29 dos seus 74 anos de vida em uma prisão. Em 1763, protagonizou o caso de Aix-en-Provence, cidade onde torturou uma moça para satisfazer suas fantasias sexuais - história esta que voltaria a se repetir em outras ocasiões.
Em julho de 1780, concluiu Diálogos Entre um Padre e um Moribundo. Quando a obra chegou às mãos do escandalizado diretor do presídio, foi ordenado que retirassem do marquês pena e papel para que ele não escrevesse coisas tão revoltantes. Transferido para a famosa prisão da Bastilha de Paris, em 1781, descreveu ainda 600 variações do instinto sexual.
Fontes
Nova Enciclopédia Ilustrada Ana Maria - volumes 11 e 14
O Mal-Estar na Cultura, Sigmund Freud
Ótimo post! Apesar de não praticar gostei muito da história de Sade quando vi pela primeira vez, o que me fascinou foi o fato de conseguir mexer com a cabeça das pessoas, apenas escrevendo, e morreu com suas convicções.
ResponderExcluirEm defesa do Marquês, gostaria de dizer que há mais de uma corrente entre os historiadores que pesquisaram sua vida e obra.
ResponderExcluirEnquanto alguns autores mantém que ele realmente cometeu tais atos de tortura e devassidão, outros acreditam que grande parte do que se disse a respeito dele é apenas mito.
Realizou orgias, praticou atos de sadomasoquismo e depravação, mas em uma fração de tudo o que lhe é atribuído.
Sade seria então bode-expiatório de toda uma nobreza decadente e corrupta que cometia desenfreadamente atos abusivos contra servos e camponeses. Durante a Revolução, Sade personificou essa classe e foi punido pelos tribunais, justamente porque escrevia e defendia publicamente a liberdade do impulso sexual sem freios.
Enfim, são duas correntes de pensamento que se contrapõem e convivem lado a lado, a única coisa concreta, porém, é que Sade nunca esteve sozinho e toda uma aristocracia poderosa usava de seus poderes e prerrogativas para se auto-satisfazer tanto na Monarquia e perpetuando-se na República.
Morreram santificados, protegidos pelo manto da impunidade e apenas Sade foi condenado pelo pecado de ser autêntico !
Andre Duran