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Versos a um Coveiro

de Augusto dos Anjos


Numerar sepulturas e carneiros,
Reduzir carnes podres a algarismos
Tal é, sem complicados silogismos,
A aritmética hedionda dos coveiros!

Um, dois, três, quatro, cinco... Esoterismos
Da morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros,
Na progressão dos números inteiros,
A gênese de todos os abismos!

Oh! Pitágoras da última aritmética,
Continua a contar na paz ascética
Dos tabidos carneiros sepulcrais.

Tíbias, cérebros, crânios, rádio e úmeros,
Porque, infinita como os próprios números,
A tua conta não acaba mais!

Fontes
Assim Se Escreve... Gramática - Assim Escreveram... Literatura, Odilon Soares Leme, Stella Maria Garrafa Serra e José Albetoni de Pinho

Um comentário:

  1. Olha... Augusto foi um dos maiores poetas da nossa história, e arrisco dizer, foi mesmo um dos gigantes da poesia universal. Se existe algo que turva a apreciação que lhe dispensam, isto é mero preconceito do público, repulsa pelos temas macabros que Augusto aborda. A verdade pode enojar, nada mais natural. O modo como ele trabalhava a forma, escrevendo muitos sonetos mentalmente, exatos, perfeitos, antes de lhes colocar no papel, sempre tão zeloso e loquaz em sua métrica; a enorme erudição refletida no seu vocabulário ou nas citações culturais/ literárias/mitológicas que faz; o fato de raramente se repetir nas descrições, poeta variado, uma proeza considerando que era cantor de pouquíssimos temas, repetitivo, como ele mesmo diz: "um poeta monocromático", "o poeta do hediondo" ou coisa do tipo; tudo isso é atestado de seu talento reluzente. Voto pela publicação do "Eu e Outras Poesias" n' "O Corvo"! (Léo)

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