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O Pensamento

Cogito, ergo sum
(Penso, logo existo)
René Descartes


Auto-retrato em espelho esférico, de M. C. Escher

Para a ciência, o pensamento é uma corrente elétrica produzida pelos neurônios (células cerebrais) através de um ciclo complexo chamado sinapse. Já para a filosofia, o pensamento é a maneira com que o espírito parece sair de dentro de si e percorrer o mundo para conhecê-lo.

Essência do "caniço pensante", expressão que Blaise Pascal utilizou para referir-se ao homem, o pensamento é uma atividade solitária e invisível que, embora precise ser proferida para ser compartilhada, traduz-se em sinais corporais que a tornam menos secreta do que se poderia supor.

O pensamento é fruto do trabalho da inteligência, que, por sua vez, difere do instinto e do hábito devido à sua capacidade de análise e compreensão. Além de pôr em movimento memória, percepção e imaginação, o pensamento exprime a existência do ser humano como ser racional, capaz de conhecimentos abstratos e intelectuais e de dar a si mesmo leis e princípios a fim de alcançar a verdade.

• A necessidade do método

Operário da consciência, o pensamento elabora teorias (explicações) e cria métodos na busca pelo conhecimento. O método (do grego methodos, onde meta = por meio de; e hodos - caminho) é, portanto, o regulador do pensamento e conduz à descoberta de uma verdade até então desconhecida.

A necessidade do método provém do fato de que o erro, a ilusão e a mentira rondam o conhecimento e interferem no pensamento. Para Platão, discípulo de Sócrates, o melhor método era aquele que, através do diálogo e da discussão racional, libertava o pensamento dos chamados conhecimentos sensíveis, ou seja, das crenças e aparências.
Aristóteles foi o primeiro a dizer que, ao lado de um método geral que todo e qualquer conhecimento deveria seguir, figuravam outros métodos particulares e específicos. Galileu Galilei e René Descartes julgaram, entretanto, que um único método (o matemático, no caso), chamado mathesis universalis, era válido para todos os campos do conhecimento. Até o século XIX, a única diferença era que filósofos e cientistas achavam que este método universal deveria ser aquele empregado pelas ciências da natureza, e não o matemático.

• O método de cada campo

Foi apenas a partir do século XX, com a fenomenologia de Edmund Husserl e a corrente do estruturalismo, que passou-se a considerar que cada campo do conhecimento deveria ter seu próprio método.

•••••Ciências exatas ou matemáticas - utilizam-se do método dedutivo ou axiomático, que tem como ponto de partida um conjunto de termos primitivos e indemonstráveis que não precisam ser provados - os chamados axiomas.

•••••Ciências naturais - empregam o método indutivo, também chamado experimental ou hipotético por basear-se em testes e observações.

•••••Ciências humanas - têm como base o método compreensivo ou interpretativo, que busca analisar o comportamento e as práticas dos seres humanos.

•••••Filosofia - atualmente, a filosofia faz uso de quatro diferentes métodos intimamente ligados entre si:

•••••••- método reflexivo - parte da autoanálise do pensamento;
•••••••- método crítico - investiga os fundamentos da arte, da ética e da política;
•••••••- método descritivo - descreve a essência das ações humanas e a estrutura interna dos objetos;
•••••••- método interpretativo - busca a origem, as transformações e o sentido das coisas.

• Pensamento mítico e Pensamento lógico

A filosofia dos séculos XVIII e XIX afirma que do mito à lógica há uma evolução do espírito humano. Para a Filosofia da Ilustração e o positivismo, o pensamento mítico é o resquício de uma fase primitiva da evolução da humanidade que tende a desaparecer com o avanço da racionalidade - colocando, assim, o mito como característica de culturas inferiores e a lógica como pertencente a sociedades superiores e civilizadas.

Hoje, sabemos que esta é uma concepção equivocada e que tanto o pensamento mítico quanto o pensamento lógico (também chamado de conceitual) podem coexistir em uma mesma sociedade. Estudos neurológicos, anatômicos e fisiológicos mostram que o cérebro humano está dividido em dois hemisférios: em um deles estão localizados a linguagem e o pensamento simbólicos, que tendem ao maravilhoso e à imaginação, enquanto o outro é responsável pela linguagem e pensamento conceituais.

Fontes
Filosofia e Sociologia, Marilena Chaui e Pérsio Santos de Oliveira
Revista Superinteressante, janeiro de 1996

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