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Lobotomia

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Um dos mais bárbaros episódios de toda a história da psiquiatria, a lobotomia é um processo cirúrgico irreversível onde são seccionadas as fibras que ligam os lobos frontais do cérebro (responsáveis pelo choque entre a razão e a emoção e pela fala) ao tálamo (responsável por transmitir as informações nervosas ao córtex).

• História

Após realizar experimentos de ablação (retirada cirúrgica) do neocórtex em cães, em 1890, o psicocirurgião alemão Friederich Golz relatou que, quando os lobos temporais (responsáveis pelo aprendizado e pelas informações captadas pelos ouvidos) eram removidos, os animais tornavam-se mais dóceis.
Inspirado nos estudos de Golz, o médico Gottlieb Burkhardt - também responsável por um sanatório na Suíça - operou seis de seus pacientes esquizofrênicos que sofriam alucinações e permaneciam constantemente agitados. Não pela intervenção em si, mas sim pelas severas alterações de personalidade que costumava causar, alguns doentes se acalmaram. Em compensação, dois deles morreram.

Baseado em todas as pesquisas anteriores e nas descobertas do neurologista norte-americano John Fulton, o português e também neurologista António Egas Moniz e o cirurgião Almeida Lima, ambos da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, desenvolveram, em 1935, o que poderia ser mais adequadamente chamado de leucotomia (em grego, corte da substância branca).

• O Processo

Pioneira da psicocirurgia (manipulação do cérebro físico em prol da cura da mente) e inicialmente recomendada exclusivamente para casos graves de violência ou comportamento suicida - além de dores crônicas intratáveis e ansiedade ou neurose obsessivas -, a lobotomia (do grego lobos tome, corte do cérebro) de Moniz era de uma recuperação rápida, mas com poucos resultados.


Leucótomo de fio

Uma série de orifícios era aberta no crânio do paciente, onde um instrumento chamado leucótomo de fio era introduzido em movimentos laterais, destruindo assim as tais fibras.

• Lobotomia Pré-frontal

Também conhecida como Procedimento Padronizado de Freeman-Watts, esta nova técnica tem acesso aos lobos frontais através de um ponto logo acima do canal lacrimal.
Utilizando-se de um picador de gelo (ao invés do leucótomo de fio, que requeria uma trepanação posterior) introduzido diretamente sobre a órbita ocular com a ajuda de um pequeno martelo, o instrumento atravessava pele, tecido subcutâneo e meninge em movimentos laterais de 30°. Para desconectar as fibras, girava-se o picador já introduzido no crânio do paciente submetido a uma simples anestesia local.

Com seu novo e brutal método de inserção, Walter Freeman e James Watts fizeram com que muitos neurocirurgiões experientes chegassem a desmaiar.

• Como uma Enchente

Nos anos 1940, a popularidade da lobotomia atingiu o auge. Nos Estados Unidos, mais de 18 mil operações foram realizadas apenas neste período; no Japão, a alienação foi tanta que até mesmo crianças mal-comportadas foram submetidas ao processo.
O desejo comum de silenciar os doentes aliado ao baixíssimo custo (250 dólares de uma cirurgia contra 35 mil anuais de uma internação) e favorecido pelos incontáveis casos psiquiátricos trazidos pela Segunda Guerra Mundial fez com que Austrália, Índia, Suécia e a então União Soviética aderissem ao novo método. Ao tentar introduzir o uso da lobotomia no Brasil, o notável cirurgião Mattos Pimenta alcançou resultados duvidosos.

Nos anos 1950, porém, esta intervenção já considerada impressionante passou a ser publicamente criticada por alguns psiquiatras e muitos psicanalistas. Alegando que tal procedimento ia contra sua ideologia, a União Soviética foi um dos primeiros países a proibi-lo.
Com o sucesso dos primeiros medicamentos antipsicóticos, como a Torazina, a lobotomia foi permanentemente abandonada - e os poucos que ainda a realizavam, só o faziam sob indicações restritas.

• Alguns Números

Sensos apontam que, de todas as lobotomias já realizadas, 1/3 dos pacientes melhorou. Enquanto o segundo 1/3 não apresentou quaisquer alterações, o último 1/3 piorou. Deste total, acredita-se que 6% não tenham sobrevivido.

• Lobotomizados


- Rosemary Kennedy, irmã do ex-presidente norte-americano John Kennedy.
- Howard Dully, um dos primeiros pacientes de Freeman e autor do livro My Lobotomy (2007).
- Josef Hassid, esquizofrênico e prodigioso violinista polonês morto aos 26 anos.
- Frances Farmer, estonteante atriz hollywoodiana.
- Eddie the Head, mascote da banda de heavy metal Iron Maiden.

Fontes
Revista Eletrônica Cérebro & Mente, junho de 1997
Revista Superinteressante, janeiro de 1996
Wikipedia - Lobotomy

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